TU ÉS O GLORIOSO – 16
Por Auriel de Almeida – Historiador
A excessiva dependência do Maracanã pelos grandes clubes cariocas, de certa forma, fez mal. Acostumados com o uso do Maior do Mundo em clássicos, as principais agremiações do Rio de Janeiro, com a exceção do Vasco, abandonaram pouco a pouco suas arenas tradicionais, que logo se tornaram inadequadas para o futebol moderno. E acomodados com o Maraca pouco se incomodaram em viabilizar novos estádios próprios.
A situação do Botafogo era ainda pior. O Estádio de General Severiano, que era apelidado de “O Mais Bonito do Brasil”, foi perdido pelo clube durante uma de suas piores crises financeiras e demolido pela Companhia Vale do Rio Doce, nova proprietária do terreno. O Glorioso mudou-se para Marechal Hermes e quando voltou para Botafogo, já nos anos 90, passou a alugar o Caio Martins, o famoso estádio niteroiense – que logo também seria considerado insuficiente.
Quando a cidade do Rio de Janeiro venceu a disputa para sediar os Jogos Pan-americanos de 2007, Botafogo, Flamengo e Fluminense ficaram de olho no estádio de futebol que seria construído especialmente para o evento. Era sabido que após a disputa do Pan o mesmo seria arrendado, o que era uma ótima oportunidade para os clubes “sem-estádio”.
Mas antes que a licitação pelo novíssimo Estádio Olímpico João Havelange (logo apelidado de “Engenhão” e a partir de 2015 Estádio Nílton Santos) fosse aberta, quis o destino que a abertura fosse entre dois dos interessados, Botafogo e Fluminense. Os 40 mil ingressos, que podiam ser adquiridos em troca de uma lata de leite em pó, foram esgotados em um único dia, e a brincadeira entre as duas torcidas era de que “quem vencesse, ficaria com o estádio”. Brincadeira? Os céus não entenderam assim…
O JOGO
O Engenhão foi presenteado com uma festa lindíssima das duas torcidas, sendo que a botafoguense, empolgada por um bom momento no Campeonato Brasileiro, estava em maior número. E no Clássico Vovô de gala estavam em jogo nada menos do que duas taças – o Troféu Waldir Pereira, dado ao autor do primeiro gol do novo estádio, e o Troféu João Havelange, prêmio ao clube que vencesse a partida histórica.
O clássico começou equilibrado, disputado, porém com poucas chances. Na primeira oportunidade clara o tricolor Alex Dias aproveitou uma sobra dentro da área e chutou bonito, de esquerda, por cima do travessão. Quase o primeiro gol do Engenhão. Mas o mesmo Alex Dias, doze minutos depois, recebeu boa bola pela esquerda, driblou o goleiro Júlio César quase na linha de fundo e sem ângulo nenhum conseguiu estufar as redes. Um golaço que colocava o Flu na frente do jogo e garantia a primeira taça da noite.
A reação do Botafogo ocorreu só no segundo tempo. Logo aos seis minutos André Lima foi derrubado por Roger dentro da área e o juiz Evandro Rogério Roman assinalou corretamente o pênalti. Na cobrança Dodô, que atravessava uma excelente fase, chutou rasteirinho no canto de Fernando Henrique, que pulou do lado certo, mas não conseguiu pegar: 1 a 1 no Engenhão.
O Fluminense quase desempatou com Carlos Alberto, que acertou um belo chute de fora da área que raspou o travessão de Júlio César, aos 15 minutos, e o Glorioso respondeu no minuto seguinte com Joilson, que em jogada semelhante tirou tinta da trave tricolor. A maior chance do Flu no tempo foi aos 29, quando Carlos Alberto arrancou pelo meio e tocou na direita para Alex Alves, que invadiu a área livre e chutou mal, em cima de Júlio César.
O gol perdido fez muita falta. Um minuto depois o tricolor Cícero, que havia acabado de entrar, fez falta dura e foi expulso. E o Botafogo rapidamente aproveitou a vantagem numérica, pois aos 32 Alex cruzou na medida para Dodô, que cabeceou livre, no chão, matando qualquer possibilidade de defesa do goleiro rival: 2 a 1 para o Alvinegro. E a vitória foi garantida após uma defesa milagrosa de Júlio César no minuto final, quando Somália recebeu dentro da área, matou no peito e chutou forte para o espalmo do botafoguense.
Após a bela partida, que deu ao Glorioso o Troféu João Havelange, um feliz Dodô declarou: “Falaram muito durante a semana sobre o autor do primeiro gol, mas eu sempre disse que o mais importante era o Botafogo vencer”. E o Clássico Vovô, após o jogo, passou a ser disputado nos bastidores, na corrida pelo arrendamento do Engenhão – e o resultado dessa disputa todos já conhecem. Hoje, é Estádio Nilton Santos.
== Ficha técnica ==
Sábado, 30 de junho de 2007
Botafogo 2 x 1 Fluminense – Local: Estádio Olímpico João Havelange (Engenhão, hoje Estádio Nilton Santos)
Campeonato Brasileiro da Série A – 1º Turno
Botafogo: Júlio César, Alex, Juninho e Luciano Almeida (Renato Silva); Joilson, Leandro Guerreiro, Túlio (Diguinho), Lucio Flavio, Ricardinho (André Lima) e Zé Roberto; Dodô. Técnico: Cuca.
Fluminense: Fernando Henrique, Carlinhos, Thiago Silva, Roger e Junior Cesar; Romeu, Arouca (Cícero), Maurício e Carlos Alberto; Alex Dias (Rodrigo Tiuí) e Adriano Magrão (Somália). Técnico: Renato Gaúcho.
Árbitro: Evandro Rogério Roman (PR).
Gols: Alex Dias 27/1ºT; Dodô 6º/2T e Dodô 32º/2T
Expulsões: Cícero e Joilson.
Público: 43.810
VÍDEO DOS GOLS
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